A
fermentação natural, também conhecida como Levain, Sourdough, Massa Madre dentre outras denominações, é a
forma mais primitiva de levedar uma massa de pão. Existe há milhares de anos,
quando não existiam os fermentos industrializados. Esse método de fermentação é
bem mais lento, mas no melhor estilo "slow food", vai resultar
em pães mais rústicos, com sabor mais acentuado, além de ser melhor digerido
devido aos longos períodos de fermentação.
Iniciei
nessa jornada à mais ou menos um mês, mais precisamente no dia 26 de abril,
essa é a data do nascimento do “Olaf”, que hoje se tornou “Snow” por estar
sendo alimentado apenas com farinha branca.
O cultivo
de um fermento natural leva, em média, uma semana. O meu levou 11 dias para
estar a todo vapor. Esse tempo depende de vários fatores, como temperatura
ambiente, tipo e qualidade da farinha, qualidade da água, etc. Mas esse tempo
de criação só acontece uma vez. Depois que o fermento estiver ativo e estável,
poderá ser guardado na geladeira e alimentado a cada 1 ou 2 semanas. Quando for
usar o seu fermento, basta lembrar de retirá-lo da geladeira no dia anterior,
alimentá-lo e aguardar que a atividade se reinicie.
A
preparação do fermento natural é bem simples, você só vai precisar de farinha
de trigo e água filtrada (sem cloro) ou mineral, que foi a minha opção, sempre
em temperatura ambiente, uma colher para misturar, um recipiente de vidro
transparente (para visualizar o processo, uma caneta para retroprojetor e uma
balança. A balança é importante para determinar o nível de hidratação do nosso
fermento, mas a falta dela não impede que você tenha bons resultados.
A farinha
pode ser branca, integral, de centeio ou outras tantas. Os resultados serão um pouco
diferentes, os aromas também. Eu iniciei com uma proporção de 50/50 de farinha
de trigo branca tipo 1 e farinha de trigo integral. Mas para simplificar as
coisas, depois de duas semanas comecei a alimentar somente com a farinha branca.
De qualquer forma, depois da primeira fase de criação, seu fermento pode ser
facilmente transformado em fermentos de outros tipos de farinha.
Li muito
a respeito antes de decidir qual método de cultivo utilizar e optei por aquele
que julguei mais fácil. Quem quiser dar uma olhada, tem tudo muito bem
explicado aqui: Testado, Provado e Aprovado.
Só para
constar, alguns métodos são mais elaborados, envolvem adição de suco de frutas
e descarte. O método que escolhi, funcionou muito bem, logo na primeira
tentativa, então não vi necessidade de testar outros.
Se você quer se aventurar nesse
mundo delicioso que é a produção de pães artesanais vem comigo!
1º Dia -> Em um
pote de vidro (usei um pote de 500ml com tampa). Você pode usar um copo ou um outro
recipiente qualquer, coberto com um pano limpo.
Misture
30g (30ml ou aproximadamente 2 colheres de sopa) de água filtrada ou mineral
dentro do pote com 15g (2 colheres de sopa) de farinha de trigo (tipo 1) e
misture bem.
Acho
interessante conferir aroma e textura para entender o que está ocorrendo: Nesse
primeiro dia o cheiro será de farinha!
Faça uma
marca com a caneta no nível da mistura, anote o dia e a hora. Tampe o vidro sem
vedar.
Deixe em
temperatura ambiente entre 22° e 26°C. Quanto mais baixas as temperaturas, mais
lento será o processo. No entanto, temperaturas muito altas, acima de 30°C
devem ser evitadas pois favorecem o aparecimento de micro-organismos
indesejáveis que podem até matar o seu fermento
2º Dia -> Depois de 24 horas,
pouca coisa mudou visualmente. Hoje iremos mexer a mistura algumas vezes
durante o dia. Isso favorece a atividade das bactérias e leveduras que habitam nossa
cultura.
Confira textura e aroma, hoje deve
estar um pouco mais líquido e com um aroma levemente azedo.
3º Dia -> Chegou a hora de
alimentar nossa cultura. Junte ao pote:
30g (30ml
ou 2 colheres de sopa, aproximadamente) de água filtrada ou mineral
30g (4
colheres de sopa) de farinha de trigo branca (tipo 1)
Misture
vigorosamente para que não fiquem pelotas de farinha. Marque o nível da mistura
com a caneta. Marque também o dia e a hora.
Ao longo
do dia, mexa algumas vezes. Observe o que acontece e não esqueça de verificar o
cheiro da cultura. No final do dia deverá apresentar as primeiras bolinhas.
Se o seu
fermento ainda não apresenta atividade, não se preocupe, é normal que demore um
pouco mais dependendo do ambiente e ingredientes usados. O precisa ser observado
é se está aparecendo algum tipo de bolor ou cheiro de estragado. Nesse caso é
melhor descartar e começar novamente, talvez com uma outra marca ou tipo de
farinha. O cheiro azedo (parecido com cheiro de polvilho azedo) é normal e é
bem diferente de cheiro de estragado!
4º Dia -> Hoje vamos
equilibrar a hidratação para 100% e mantê-la assim daqui pra frente.
Hidratação
100% = mesmo peso de farinha e água. Junte ao pote:
15g (15ml
ou 1 colher de sopa) de água filtrada ou mineral
30g (4
colheres de sopa) de farinha de trigo
Misture
vigorosamente. Marque o nível da mistura com a caneta. Marque também o dia e a
hora.
Mexer ao
longo do dia sempre que lembrar. E caso o nível da cultura tenha crescido,
marque com a caneta e anote o horário.
5º Dia -> Junte ao pote: 30g de
água (30ml ou 2 colheres de sopa)
30g de
farinha de trigo (4 colheres de sopa, aproximadamente)
Mexa
vigorosamente até ficar bem homogêneo. Siga o método de marcação do nível da
cultura para acompanhar o desenvolvimento.
6º ao 11º Dia -> Se o seu fermento estiver bem ativo você pode parar por aqui o
processo de criação e partir para a sua primeira receita. Caso ainda precise
continuar por mais alguns dias é só repetir o procedimento do 5º dia até
atingir o resultado desejado. Eu precisei alimentar a minha cultura até o 11º
dia que foi quando percebi que a atividade havia atingido o seu auge. Por isso
é importante fazer as marcações com frequência.
No caso
de encerrarmos o processo de criação, você deve separar a quantidade que irá
utilizar na receita, alimentar o restante (sobra) conforme o 5º dia, aguardar
mais ou menos duas horas e guardar em um vidro limpo e tampado na geladeira.
Dessa forma ele irá “hibernar” e deverá ser alimentado somente após 1 semana.
Quando for utilizar novamente, retire o fermento da geladeira no dia anterior,
alimente e deixe em temperatura ambiente até a sua utilização.
Para
testar o meu fermento, escolhi uma receita bem simples e pouco trabalhosa e me
encante com o resultado. Depois dessa não consegui parar mais!
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